quinta-feira, 9 de junho de 2016

A estranha sensação de não ter casa

Isto não é uma queixa, nem muito menos. Vem de uma alma profundamente agradecida pela oportunidade que a vida lhe deu. Vem de uma alma que reconhece a graça dos 5 anos que já passaram e que não os trocava por nada.
Mas, tenho uma sensação de não ter chão. A de ter raízes, sim. De ter uma família maravilhosa, que me há de receber, cada vez que por lá passo, de braços abertos, sem dúvida. Mas a de não ter poiso. De já não ter lugar.  Não porque me tenham substituído, ou por falta de vontade dos que lá ficaram. Porque sei que se um dia voltar a minha família gigante e incrível vai lá estar de braços abertos. Mas, é dar-se conta, cada vez mais, de que o que já foi casa, hoje é parte de uma história para guardar.
Fui embora com a certeza de que era provisório. De que os anos estavam contados. De que iam ser esses e não mais. Os planos direitinhos, casa à minha espera.
Mas quando vamos embora, estupidamente (e de uma forma egoísta) temos a secreta esperança que esperem por nós. Que de alguma maneira nos guardem aquele lugar que tínhamos. Não sei se é assim com toda a gente, mas comigo foi assim. 
Mas o tempo passa e para se agarrar a um lugar faz falta deixar o outro ir. Não vale ter os pés entre dois barcos. E enquanto nos vamos habituando e fazendo uma vida longe, deixando entrar a outros, vivendo outra realidade, outra língua, outras maneiras de ver o mundo, a gente que la fica também. Aprendem a preencher o vazio que deixamos (porque todos deixamos), com a rotina do dia-a-dia e com a vida, que graças a Deus anda para a frente. E o vazio, que se vai enchendo de coisas novas e boas, substitui-se por uma saudade nostálgica e pela alegria de quem sabe que as saudades valem a pena.
E nós cá deste lado, uma dia voltamos, para passar a semana, e vemos que a alegria de ganhar o mundo tem um preço. Que podemos estar ou não dispostos a pagar, mas que como todas as escolhas da vida, tem um preço. O preço de voltar e ver, que a vida continuou sem ti. Que as festas de anos não acabaram, que há batizados e casamentos; casas novas, vidas novas, gente que vai e que vem. Que o teu irmão de nove anos de repente tem catorze e  já está mais alto que tu, que a nova namorada do não sei quantos já é mulher dele e que o "senhor da padaria de toda a vida" bateu as botas há dois anos, e tu nem percebeste.
Não me interpretem mal. É uma alegria vê-los tão felizes e resolvidos, tão independentes de ti e tão confortáveis. É um descanso e uma liberdade saber que o tempo e a leveza desta vida tudo resolvem. Mas é estranho.
Estranho acordar um dia, quase no fim de um caminho, e perceber que afinal o para a frente já não passa mais por lá. 

sábado, 4 de junho de 2016

Hello antebraço!

Tanto trabalho, na primária, para aprender o que era um braço e uma perna, para depois chegar a trauma e perceber que afinal nao é nada disso...