segunda-feira, 30 de abril de 2012

Acho que tenho tendências suicídas...

Não é que reparei que nos dias de mais depressão cozinho tudo com manteiga!

Ser princesa e comer o sapo

Crescemos e vamos aprendendo a distinguir entre o que se pode dizer e é "da etiqueta", e o que temos que guardar para nós, não vá a Gente olhar-nos com cara de "já não és uma criança".   
E assim se vai pela vida, confundindo actos de coragem, verdadeiro altruísmo, daquele tipo que caracteriza um pessoa com estas características, com actos de pura infantilidade. 
Vá, admito que é algo que melhora com o tempo, ou melhor, com a idade. Vamos ganhando um certo tacto e a maneira como vemos as coisas muda. Mas, aquele gosto pelo que é infantil, não vai embora, simplesmente passamos a achar que esse doce prazer está reservado para outros, talvez uns anos mais novos, e acabamos a saborear com gosto o que vemos por olhos alheios.
O único problema está no facto de que reprimindo cada vez mais estes impulsos, chegamos ao ponto em que já se tem tanto medo de agir infantilmente, que nem aos actos de verdadeira coragem nos dedicamos. Simplesmente, ficamos sentados a ver a vida e os seus, potencialmente doces, momentos passar.
E lá vamos nós engolindo os sapos que a vida nos traz. Não admira que com a idade venha a típica barriguinha. 

A quem vive em Campo de Ourique ou arredores...

http://fugas.publico.pt/restaurantesebares/304122_pastelaria-aloma

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Rosas e histórias de amor

Hoje, saí de casa e para meu espanto a rua estava cheia de gente com flores! Comecei a pensar se era dia da mãe, é que sou péssima com estas datas. Quando cheguei à faculdade, armada em ignorante, lá fui ilucidar-me sobre esta questão. "Hoje é dia de Saint Jordi!" disseram-me. Explicaram-me que é tradição, aqui na Catalunha, que os namorados/maridos ofereçam uma rosa às namoradas/mulheres e que elas, em retribuição lhe ofereçam um livro! 
O que me encantou foi ver que tradição está viva! Adorei ver a rua cheia de flores, ver os portões da escolas abertos para que as crianças pudessem vender as rosas, ver as velhotas do autocarro cada uma com a sua. Ri-me com um rapaz, com os seus 16 anos, vestido para a ocasião, muito penteado, que esperava nervoso, com um gigante ramo, que lhe abrissem a porta do prédio onde tinha tocado à campainha.  
E no meio desta multidão, achei particular graça a um casal, já com os seu anitos de experiência, que saía do autocarro. O senhor saíu primeiro. Depois, estendeu a mão à sua mulher, como quem convida para dançar, que de olhar satisfeito e rosa na mão saíu para a rua. E foram à vida deles.


Era uma vez um vila, onde os seu habitantes viviam cheios de medo, porque nas montanhas vivia um dragão. Para que não atacasse os habitantes davam-lhe um rebanho de tempos a tempos. 
Acontece que um dia acabaram-se as ovelhas. Para evitar uma catástrofe fizeram um acordo: entregar-lhe um habitante uma vez por mês.
E assim se passaram meses, anos. Num certo dia, foi a Princesa quem saiu na rifa. Lá foi o rei triste e cabisbaixo, entregar a sua única filha. Saint Jordi, vendo a tristeza daquele pai prometeu salvar a Princesa.
Pois, com a sua espada, matou o dragão. Jazia já morto, quando da mancha de sangue no chão, nasceu uma rosa. Saint Jordi colheu-a e ofereceu-a à Princesa. Apaixonada por aquele jovem cavaleiro, forte e generoso ofereceu-se para se casar com ele e fazê-lo um homem de coração cheio.
Ouvindo isto, Saint jordi respondeu: "Não posso, vou salvar o mundo." E partiu.






sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tenho que comentar

Escrevi na "barra lá de cima, que leva directamente ao google": mae 


Saíram-me coisas como " Multi-Sensory Aesthetic Experience" e nem uma definição de mãe, do tipo que se esperaria.
Assustador, não?

Que angústia!

Hoje li pela primeira vez num jornal uma notícia tão dirigida a mim, que só seria mais se lá estivesse o meu nome escrito. Dizem que isto é crescer. Ir ganhando liberdade, independência, responsabilidade e pelos visto preocupações daqueles que achamos que estão reservadas só para os nossos pais. 
Pois é. Da mesma maneira que aprendi a controlar as saudades, a fazer uma lista de supermercado que inclua fruta e vegetais, acabo de adquirir uma preocupação monetária reflectida numa profunda angústia que achava estar reservada à Francisca de 30 anos!
Está decidido. Vão aumentar o preço das propinas. Ainda não se sabe quanto, mas dizem que o preço pode subir até 66%. Que angústia!  Agora entendo o que sente um reformado quando lê no jornal que lhe vão cortar reforma, que já por si curta, está mesmo à justa para pagar os remédios. Como ele não pode parar de tomar remédios, eu não posso parar de estudar!

A todos os pervertidos deste mundo


Os Azeitonas - Mulheres Nuas


Quando os vossos pais descobrirem o que andam a ver no computador, neguem tudo e digam-lhes que o que estavam à procura era esta música.
(Genias os azeitonas! Para além de fazerem uma música linda, dão-lhe um nome bastante provável de sair num motor de busca de grande parte dos computadores AHAHAH)

Atentem na qualidade:

Não só fiz tortilla, como fiz a melhor tortilla de sempre...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Miguel Araújo - Os Maridos Das Outras

Carta da Corcunda ao Serralheiro

Senhor António:
O senhor nunca há-de ver esta carta, nem eu a hei-de ver segunda vez porque estou
tuberculosa, mas eu quero escrever-lhe ainda que o senhor o não saiba, porque se não escrevo
abafo.
O senhor não sabe quem eu sou, isto é, sabe mas não sabe a valer. Tem-me visto à janela
quando o senhor passa para a oficina e eu olho para si, porque o espero a chegar, e sei a hora
que o senhor chega. Deve sempre ter pensado sem importância na corcunda do primeiro
andar da casa amarela, mas eu não penso senão em si. Sei que o senhor tem uma amante, que
é aquela rapariga loura alta e bonita; eu tenho inveja dela mas não tenho ciúmes de si porque
não tenho direito a ter nada, nem mesmo ciúmes. Eu gosto de si porque gosto de si, e tenho
pena de não ser outra mulher, com outro corpo e outro feitio, e poder ir à rua e falar consigo
ainda que o senhor me não desse razão de nada, mas eu estimava conhecê-lo de falar.
O senhor é tudo quanto me tem valido na minha doença e eu estou-lhe agradecida sem que o
senhor o saiba. Eu nunca poderia ter ninguém que gostasse de mim como se gostasse das
pessoas que têm o corpo de que se pode gostar, mas eu tenho o direito de gostar sem que
gostem de mim, e também tenho o direito de chorar, que não se negue a ninguém.
Eu gostava de morrer depois de lhe falar a primeira vez mas nunca terei coragem nem
maneiras de lhe falar. Gostava que o senhor soubesse que eu gostava muito de si, mas tenho
medo que se o senhor soubesse não se importasse nada, e eu tenho pena já de saber que isso
é absolutamente certo antes de saber qualquer coisa, que eu mesmo não vou procurar saber.
Eu sou corcunda desde a nascença e sempre riram de mim. Dizem que todas as corcundas são
más, mas eu nunca quis mal a ninguém. Além disso sou doente, e nunca tive alma, por causa
da doença, para ter grandes raivas. Tenho dezanove anos e nunca sei para que é que cheguei a
ter tanta idade, e doente, e sem ninguém que tivesse pena de mim a não ser por eu ser
corcunda, que é o menos, porque é a alma que me dói, e não o corpo, pois a corcunda não faz
dor.
Eu até gostava de saber como é a sua vida com a sua amiga, porque como é uma vida que eu
nunca posso ter — e agora menos que nem vida tenho — gostava de saber tudo.
Desculpe escrever-lhe tanto sem o conhecer, mas o senhor não vai ler isso, e mesmo que lesse
nem sabia que era consigo e não ligava importância em qualquer caso, mas gostaria que
pensasse que é triste ser marreca e viver sempre só à janela, e ter mãe e irmãs que gostam da
gente mas sem ninguém que goste de nós, porque tudo isso é natural e é a família, e o que
faltava é que nem isso houvesse para uma boneca com os ossos às avessas como eu sou, como
eu já ouvi dizer.
Houve um dia que o senhor vinha para a oficina e um gato se pegou à pancada com um cão
aqui defronte da janela, e todos estivemos a ver, e o senhor parou, ao pé do Manuel das Barbas, na esquina do barbeiro, e depois olhou para mim, para a janela, e viu-me a rir e riu
também para mim, e essa foi a única vez que o senhor esteve a sós comigo, por assim dizer,
que isso nunca poderia eu esperar.
Tantas vezes, o senhor não imagina, andei à espera que houvesse outra coisa qualquer na rua
quando o senhor passasse e eu pudesse outra vez ver o senhor a ver e talvez olhasse para mim
e eu pudesse olhar para si e ver os seus olhos a direito para os meus.
Mas eu não consigo nada do que quero, nasci já assim, e até tenho que estar em cima de um
estrado para poder estar à altura da janela. Passo todo o dia a ver ilustrações e revistas de
modas que emprestam à minha mãe, e estou sempre a pensar noutra coisa, tanto que quando
me perguntam como era aquela saia ou quem é que estava no retrato onde está a Rainha de
Inglaterra, eu às vezes me envergonho de não saber, porque estive a ver coisas que não
podem ser e que eu não posso deixar que me entrem na cabeça e me dêem alegria para eu
depois ainda por cima ter vontade de chorar.
Depois todos me desculpam, e acham que sou tonta, mas não me julgam parva, porque
ninguém julga isso, e eu chego a não ter pena da desculpa, porque assim não tenho que
explicar porque é que estive distraída.
Ainda me lembro daquele dia que o senhor passou aqui ao Domingo com o fato azul claro. Não
era azul claro, mas era uma sarja muito clara para o azul escuro que costuma ser. O senhor ia
que parecia o próprio dia que estava lindo e eu nunca tive tanta inveja de toda a gente como
nesse dia. Mas não tive inveja da sua amiga, a não ser que o senhor não fosse ter com ela mas
com outra qualquer, porque eu não pensei senão em si, e foi por isso que invejei toda a gente,
o que não percebo mas o certo é que é verdade.
Não é por ser corcunda que estou aqui sempre à janela, mas é que ainda por cima tenho uma
espécie de reumatismo nas pernas e não me posso mexer, e assim estou como se fosse
paralítica, o que é uma maçada para todos cá em casa e eu sinto ter que ser toda a gente a
aturar-me e a ter que me aceitar que o senhor não imagina. Eu às vezes dá-me um desespero
como se me pudesse atirar da janela abaixo, mas eu que figura teria a cair da janela? Até quem
me visse cair ria e a janela é tão baixa que eu nem morreria, mas era ainda mais maçada para
os outros, e estou a ver-me na rua como uma macaca, com as pernas à vela e a corcunda a sair
pela blusa e toda a gente a querer ter pena mas a ter nojo ao mesmo tempo ou a rir se
calhasse, porque a gente é como é e não como tinha vontade de ser.

(…)
- e enfim  porque lhe estou eu a escrever se lhe não vou mandar esta  carta?
O senhor que anda de um lado para o outro não sabe qual é o peso de a gente não ser
ninguém. Eu estou à janela todo o dia e vejo toda a gente passar de um lado para o outro e ter
um modo de vida e gozar e falar a esta e àquela, e parece que sou um vaso com uma planta
murcha que ficou aqui à janela por tirar de lá.
O senhor não pode imaginar, porque é bonito e tem saúde o que é a gente ter nascido e não
ser gente, e ver nos jornais o que as pessoas fazem, e uns são ministros e andam de um lado para o outro a visitar todas as terras, e outros estão na vida da sociedade e casam e têm
baptizados e estão doentes e fazem-lhe operações os mesmos médicos, e outros partem para
as suas casas aqui e ali, e outros roubam e outros queixam-se, e uns fazem grandes crimes e há
artigos assinados por outros e retratos e anúncios com os nomes dos homens que vão comprar
as modas ao estrangeiro, e tudo isto o senhor não imagina o que é para quem é um trapo
como eu que ficou no parapeito da janela de limpar o sinal redondo dos vasos quando a
pintura é fresca por causa da água.
Se o senhor soubesse isto tudo era capaz de vez em quando me dizer adeus da rua, e eu
gostava de se lhe poder pedir isso, porque o senhor não imagina, eu talvez não vivesse mais,
que pouco é o que tenho de viver, mas eu ia mais feliz lá para onde se vai se soubesse que o
senhor me dava os bons dias por acaso.
A Margarida costureira diz que lhe falou uma vez, que lhe falou torto porque o senhor  se
meteu com ela na rua aqui ao lado, e essa vez é que eu senti inveja a valer, eu confesso porque
não lhe quero mentir, senti inveja porque meter-se alguém connosco é a gente ser mulher, e
eu não mulher nem homem, porque ninguém acha que eu sou nada a não ser uma espécie de
gente que está para aqui a encher o vão da janela e a aborrecer tudo que me vêm, valha me
Deus.
O António (é o mesmo nome que o seu, mas que diferença!) o António da oficina de
automóveis disse uma vez a meu pai que toda a gente deve produzir qualquer coisa, que sem
isso não há direito a viver, que quem não trabalha não come e não há direito a haver quem
não trabalhe. E eu pensei que faço eu no mundo, que não faço nada senão estar à janela com
toda a gente a mexer-se de um lado para o outro, sem ser paralítica, e tendo maneira de
encontrar as pessoas de quem gosta, e depois poderia produzir à vontade o que fosse preciso
porque tinha gosto para isso.
Adeus senhor António, eu não tenho senão dias de vida e escrevo esta carta só para a guardar
no peito como se fosse uma carta que o senhor me escrevesse em vez de eu a escrever a si. Eu
desejo que o senhor tenha todas as felicidades que possa desejar e que nunca saiba de mim
para não rir porque eu sei que não posso esperar mais.
Eu amo o senhor com toda a minha alma e toda a minha vida. Aí tem e estou a chorar.
Maria José
-
Este texto foi publicado originalmente em:
Teresa Rita Lopes, Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa, Lisboa, Estampa, 1990

Aqui vos deixo a prova

Benvolguts alumnes,

per tal de treure'n el màxim profit al taller de fisiologia d'ECG i auscultació cardíaca, i d'acord amb els professors responsables del mateix, us recomanem que les dones vingueu al taller amb la possibilitat de posar-vos la part superior d'un bikini i així poder estar tots més còmodes alhora de fer l'ECG.

Cordialment,

(nome do professor)Coordinador M3 






Traduzindo:

Caros alunos,

Para que possam tirar o máximo partido da aula práctica de fisiologia de ECG e auscultação do coração (…), recomendamos que as meninas venham com a parte de cima do bikini, para que possamos estar todos mais cómodos (…).

Com cordias cumprimentos
,
Professor coordenador de M3

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Achei graça

Hoje disse à Luísa que sim. Sim, vou viver com ela no próximo ano. 
Olhei-a e disse: "Luísa, podes contar comigo."
 Fez uma festa, das antigas!! E o mais divertido foi o comentário que se seguiu: "Que alívio achei que ia acabar a viver com uns loucos que nao conheço de lado nenhum!"
... 

terça-feira, 10 de abril de 2012

Li, uma vez, no Harry Potter

Que os feiticeiros, porque não gostam de muggles, ou simplesmente por aborrecimento, fazem feitiços que encolhem as coisas (ej. chaves) e nós achamos que as perdemos.

Não consigo deixar de pensar: Será que foi isso que aconteceu aos meus óculos?

quarta-feira, 4 de abril de 2012