sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

UCI

Queria dizer-te que encontrei o meu lugar na medicina.
Mas, não tenho coragem. Quer dizer, não sei se é não ter coragem, ou se é ter maturidade. É que tenho aprendido a dar tempo.
Mas, que se lixe! Deixa-me dizer-te que estou de coração CHEIO! 
Estou de coração cheio de alegria, cheio de coisas para não esquecer, cheio de exemplos para lembrar, cheio de pena porque hoje foi o último dia.
Passei duas semanas incríveis, que me souberam a pouco. Aprendi IMENSO, de medicina e de humanidade.
Vi uma maneira muito curiosa de olhar a vida. A vida e a morte. Aprendi como a vida é frágil e tão forte ao mesmo tempo. Aprendi a importância de saber assumir os seus ciclos e o seu percurso e aceitar que a morte é tão parte da vida como qualquer outra, e que por isso é tão importante um médico nessa altura.
Vi médicos que lutam de corpo e alma até ao último suspiro, mas que vivem com uma leveza que invejo.
Percebi que, também na medicina, faz falta mais calma e mais confiança, menos certezas.

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