As mulheres gostam de coleccionar memórias e ter histórias para contar. E não é uma coisa que passe com a idade, ou não se repetiriam as avós, vezes e vezes sem conta, a contar as histórias dos seus rebentos, dos quais somos rebentos, que já ouvimos mil e uma vezes, só naquele dia.
Acho que é uma coisa que, sim, vem com a idade. Vem com o deixar de ser criança. Vem com o crescer para o mundo, assumindo a pouco e pouco as funções que a este género competem. Vem com o dia em que decidimos passar as bonecas às primas e começar a por em prática aquilo que andamos a treinar há mais de uma década.
Começa-se pelas conversas de amigas, as festas do pijama, as contas exorbitantes de telefone. Os segredinhos na casa de banho, os bilhetes passados durante as aulas. A partilha daquelas esperanças quase 100% infundadas. Depois vem, para as mais crescidas, a partilha da experiência: O primeiro beijinho, a primeira vez que saímos à noite, o amigo do amigo que disse que éramos mesmo giras…
É uma colecção que visa a partilha ou, como as más línguas se atreveriam a chamar, a exibição. No mundo feminino a experiência, ou a experiência da não experiência, são altamente valorizadas. E por isso, as mulheres coleccionam memórias.
Primeiro sonham com elas, planeiam. Depois levam com a porta na cara e não encontram nada do que planearam. Contudo, o seu cérebro assegura-se de as convencer que a experiência vivida, que se guarda no albúm das memórias, ocupa muito mais espaço e fica muito melhor naquele livro, que a originalmente pensada. E assim vão pela vida. Entretanto aproveitam o que se conquista para juntar ao albúm e, se possível, exibir vezes sem conta.
se continuas assim um dia, escreves um livro! um best seller lol
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